quarta-feira, 8 de junho de 2011

12.Sermão dos bom sucessos das armas de Portugal contra a de Holanda de Padre Antônio Vieira

12.Sermão dos bom sucessos das armas de Portugal contra a de Holanda
I
Com estas palavras piedosamente resolutas, mais protestando, que orando,
dá fim o Profeta Rei ao Salmo quarenta e três. Salmo, que desde o princípio
até o fim, não parece senão cortado para os tempos e ocasião presente. O
Doutor Máximo S. Jerónimo, e depois dele os outros expositores, dizem que
se entende à letra de qualquer reino ou província católica, destruída e assolada
por inimigos da Fé. Mas entre todos os reinos do Mundo a nenhum lhe
quadra melhor que ao nosso Reino de Portugal; e entre todas as províncias
de Portugal a nenhuma vem mais ao justo que à miserável província do Brasil.
Vamos lendo todo o Salmo, e em todas as cláusulas dele veremos retratadas
as da nossa fortuna: o que fomos e o que somos.
Deus, auribus nostris audivimus, Patres nostri annuntiaverunt nobis,
opus, quod operatus es in diebus eorum, et in diebus antiquis
(começa o profeta) a nossos pais, lemos nas nossas histórias e ainda os mais
velhos viram, em parte, com seus olhos as obras maravilhosas, as proezas,
as vitórias, as conquistas, que por meio dos portugueses obrou em tempos
passados vossa omnipotência, Senhor.
eos; afflixisti populos et expulisti eos
sujeitou tantas nações bárbaras, belicosas e indómitas, e as despojou do
domínio de suas próprias terras para nelas os plantar, como plantou com tão
bem fundadas raízes; e para nelas os dilatar, como dilatou e estendeu em
todas as partes do Mundo, na África, na Ásia, na América.
suo possederunt terram, et brachium eorum non salvavit eos, sed dextera
tua et brachium tuum et illuminatio vultus tui, quoniam complacuisti in. Porque não foi a força do seu braço, nem a da sua espada a que lhes
eis
sujeitou as terras que possuíram e as gentes e reis que avassalaram, senão a
virtude de vossa destra omnipotente e a luz e o prémio supremo de vosso
beneplácito, com que neles vos agradastes e deles vos servistes. Até aqui a
relação ou memória das felicidades passadas, com que passa o Profeta aos
tempos e desgraças presentes.
[...]
. OuvimosManus tua gentes disperdit, et plantasti. Vossa mão foi a que venceu eNec enim in gladio

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